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29 julho, 2013

Tá, e daí?


Tenho muitos amigos casados — não muitos casados e felizes, mas muitos casados. Em geral, meus amigos casados e felizes são como meus pais: ficam chocados com minha solteirice. Uma garota inteligente, bonita e legal como eu, uma garota com tantos interesses e entusiasmos, faculdade legal, uma família amorosa... Eles erguem as sobrancelhas e fingem pensar nos homens que poderiam me apresentar, mas sabemos que não sobra nenhum, nenhum bom, e sei que eles secretamente pensam que há algo errado comigo, algo escondido que me torna insuficiente.

Aqueles que não são felizes — aqueles que se acomodaram — desprezam ainda mais minha solteirice: "Não é tão difícil encontrar alguém para casar", dizem. "Nenhuma relação é perfeita", dizem — eles, que se contentam com TV como conversa, que acreditam que capitulação marital (Sim, querida. Claro, querida.) é o mesmo que chegar a um acordo. 


Me mostrem um homem com um pouco de determinação dentro dele, um homem que me aponte minhas babaquices. (Mas que também meio que goste das minhas babaquices.) E nem pensem em me colocar em um daqueles relacionamentos em que estamos sempre implicando um com o outro, disfarçando insultos como brincadeiras, olhando para o teto e discutindo “de brincadeira” na frente dos nossos amigos. Esses medonhos relacionamentos do SE: Este casamento seria ótimo se... Até você sentir que a lista dos se é muito maior do que qualquer um dos dois se dá conta.

Então eu sei que não posso me acomodar, e não me sinto bem enquanto meus amigos formam pares e eu fico em casa, cozinho o que quero, pinto as unhas e pensando "Está tudo bem. Isto é perfeito", como se pudesse namorar a mim mesma. 

O que acontece é o seguinte: aceito convites, vou a festas, cinemas e noites em bares, perfumada, escovada e esperançosa, circulando, aparecendo. Vez por outra encontro homens legais, bonitos e inteligentes — homens teoricamente perfeitos dispostos a tentar enquanto eu tento me conhecer, me reconhecer. Porque não é esse o objetivo de todo relacionamento? Ser conhecida por outra pessoa, ser compreendida? Ele me entende. Ela me entende. Essa não é a frase mágica?

E aí vem o sofrimento ao longo da noite com o homem teoricamente perfeito: os risos abafados, a ladainha de emprego e crenças, de repente algo sobre música e o tédio (porque talvez ele entenda minhas observações inteligentes, mas sem saber, e aí não conta). E, geralmente, eu passo mais de uma hora tentando me encontrar, me reconhecer, e aí o jeito é beber um pouco demais e tentar um pouco demais. E voltar para uma cama fria e pensar: "Isso foi legal". 
E minha vida tem sido uma longa sequência de "legal".

Entendam, meus queridos, eu sei como acontece: Você está em algum lugar, fazendo alguma coisa, avista um ser humano e, pam! você é conhecida, é reconhecida, os dois são. Ambos acham que exatamente as mesmas coisas merecem ser lembradas. Vocês têm o mesmo ritmo. Clique. Vocês simplesmente se conhecem. De repente, você se flagra lendo na cama e panquecas no domingo e rindo de nada e a boca dele na sua. E tantas coisas, muitas mais! E é tão além do legal que você sabe que nunca poderá voltar para o legal. Rápido assim. Você pensa: "Ah, eis aqui o resto da minha vida. Ele finalmente chegou."

É isso! Sei que é. Então... Sejam pacientes. Tudo bem? 

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