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29 julho, 2013

Tá, e daí?


Tenho muitos amigos casados — não muitos casados e felizes, mas muitos casados. Em geral, meus amigos casados e felizes são como meus pais: ficam chocados com minha solteirice. Uma garota inteligente, bonita e legal como eu, uma garota com tantos interesses e entusiasmos, faculdade legal, uma família amorosa... Eles erguem as sobrancelhas e fingem pensar nos homens que poderiam me apresentar, mas sabemos que não sobra nenhum, nenhum bom, e sei que eles secretamente pensam que há algo errado comigo, algo escondido que me torna insuficiente.

Aqueles que não são felizes — aqueles que se acomodaram — desprezam ainda mais minha solteirice: "Não é tão difícil encontrar alguém para casar", dizem. "Nenhuma relação é perfeita", dizem — eles, que se contentam com TV como conversa, que acreditam que capitulação marital (Sim, querida. Claro, querida.) é o mesmo que chegar a um acordo. 

21 julho, 2013

Eu podia te dizer que sinto muito

Você me disse “eu sempre vou saber o caminho de casa" e eu pensei “realmente, uma casa nunca sai do lugar". Mas não me vale de nada ser tua casa se não é nela que você quer morar. Porque a verdade é que não admito você ser metade por não ter mais vontade de ser inteiro. 
Eu ainda penso, e esse é meu problema afinal. Pensar demais cansa, faz a cabeça doer e a gente desistir. O problema é que eu canso, minha cabeça dói, eu desisto.

14 julho, 2013

O lado bom das coisas ruins.

A psicóloga me disse que não há nada de bom na depressão. Ela aprisiona no sofrimento pessoas que, paralisadas, não conseguem tomar atitudes que melhorariam a vida. Isolam-se e ficam remoendo os problemas. 
Eu acho que há oposição em todas as coisas e até a depressão tem seu lado positivo. E explico: quando um tecido está prestes a ser lesionado durante uma atividade física, nossos neurônios transmitem um estímulo que nos impede de seguir além de nossos limites. A depressão funciona da mesma forma - mas, em vez de impedir fisicamente que você assuma um risco, ela atua no ânimo. A euforia e a depressão servem para regular nossas ações na busca por um objetivo. Nessa mesma ótica, concluo:

03 julho, 2013

Vamos falar sobre...

Vamos falar sobre a televisão desligada, já que todo barulho é incômodo quando não é a sua voz que me distrai. 
Vamos falar sobre o escuro e do quarto sempre pequeno demais. 
Vamos falar dos meus olhos cerrados e dos perfumes - o seu, o meu. 
Vamos falar sobre as músicas que deixei de ouvir e das que passei a ouvir. 
Vamos falar sobre a vida que não sai do lugar, sobre os livros velhos que li.
Vamos falar sobre as poesias que passei a odiar. 
Vamos falar sobre olheiras, chá, chocolate e solidão. 
Vamos falar sobre amor, mas falemos pouco e prometa que não vamos falar sobre a falta. 
Vamos falar, então, sobre o celular desligado. 
Vamos falar sobre o incêndio no meio do mar que me provoca arrepio de poesia na costela, porque escrever é parte grande da minha vida, o blog é a minha história, meu paradoxo, meu modo de te deixar.