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23 março, 2014

Eu sinto sono quando chove

e quando falam de amor também. 
Meu pesadelo é se um dia chover amor, para onde é que eu vou correr?

 Não tenho nada contra quem ama, eu só não me sinto muito confortável com a ideia de passar um domingo inteiro colando os pedaços do meu coração, enquanto o mundo lá fora ta gritando “é gol!”. 
Se um dia chover amor, espero que anunciem na previsão do jornal, para eu não sair de casa. Amor adoece, enfraquece e deixa a gente com gosto de remédio amargo na boca, e amargo como só mesmo tomar suco de laranja depois de escovar os dentes

 Eu sinto sono quando chove porque os relâmpagos são bonitos e raio nunca cai no mesmo lugar, agora amor cai todos os dias sobre a mesma pessoa se ele quiser. Isso não te dá medo? Não os raios, falo do amor. Em mim dá. Imagine só, ser atingido por um raio e no minuto seguinte estar conversando com São Pedro sobre as previsões do tempo. Imagine ser atingido por amor e passar o resto da vida morrendo aos poucos, sem gostar nem de sol nem de chuva, ver tudo meio cinza. 
Loucura mesmo é colocar o coração nas mãos de outra pessoa. Sabe o que eu faço com as coisas que estão na minha mão quando estou distraído? Eu jogo fora, e nem sinto falta. Por isso quando chove eu sinto sono, para não sentir saudade de quando eu gostava de sol ou de chuva, e não via tudo assim, meio cinza. 

12 março, 2014

Chega de trazer a memória lembranças dos momentos felizes

isso não ameniza a dor, acredite, só faz aumentar. 
Para com essa mania de recordar os sorrisos, os beijos, as cócegas inesperadas, os abraços apertados, as idas ao jazz e o perfume bom que exalava ao cheirar sua nuca. Isso te destrói, faz com que sinta-se culpada, e enxergue falhas inexistentes em seu modo de agir enquanto juntos.  
Basta, foi você quem cuidou dele quando a dor atacou, foi você quem comprou o relaxante muscular e o antigripal e ainda entregou pessoalmente em sua casa, porque ele tava cansado demais para ir até a farmácia. Foi você quem o acordou diariamente, através de ligações matinais, avisando que ele teria um compromisso ou outro e precisava levantar da cama. Foi você quem esperou a noite inteira por uma ligação que sempre atrasava. E que ficava sem dormir jogando conversa fora pelo chat. Foi você quem estendeu as mãos quando ele caiu. Foi você quem pôs a cabeça dele em seu colo e disse que daria tudo certo, foi você quem fez cafuné em seu cabelo até que ele dormisse, foi você quem suportou as crises. 
Portanto, quando pensar em ligar, enviar mensagens, enviar um e-mail, ir até a casa dele, fazer sinal de fumaça, ou dizer que sente falta, lembra de todas as vezes em que ele te fez chorar, dos dias em que você sentiu-se inferior. Lembra que esse não vale a pena. Lembra que sempre respeitou as escolhas dele e que essa é só mais uma.
Sem duvidar de você mesma, sem desmentir o que sentiu, sem amenizar nenhuma dor. Engole o inferno de pensar no que poderia ter acontecido. Encara o que o presente te traz, acredita!
Sorri sem culpa e vive. Viver é o melhor remédio.

Pause the memories






05 março, 2014

Chove desde cedo.

 Ah, como eu odeio a chuva. Ela deixa o trânsito insuportável, os ônibus lotados de gente molhada que respingam em você. Estou ensopada e é bem provável que por conta desta chuva eu venha a ficar resfriada. Como se não bastasse meus problemas, minha mochila ensopou e os escritos em meu caderno estão parecendo uma obra de arte abstrata; até que faz sentido já que meus textos confusos, combinavam com você, que cá entre nós não é nada fácil de se entender. 
 Ah, chuva idiota. Por sua culpa acabou a energia e minha televisão queimou. Agora não há muito o que se fazer. Pelo menos não para pessoas como eu que não gostam de sair. Para essa noite fria, restou-me um belo copo de Coca-cola com algumas pedras de gelo e minha velha cadeira de balanço na varanda. Sempre preferi uma boa leitura em sossego do que um lugar cheio de pessoas vazias enchendo a cara ao som de uma música infernal. Percebi que não estava muito bem. Tentei me convencer que era por causa do dia estressante que eu havia tido, mas não, eu sabia muito bem que o que apertava meu coração era a vontade de ter uma companhia, de ter você; não só para noites como aquela, mas sim para uma ou quem sabe até duas vidas inteiras. 

Untitled

 Deixei Licia Troisi na mesa e resolvi deitar um pouco em minha cama. O barulho do vento viera me acalmar e assim pude reparar pela janela ainda embaçada que a intensidade da chuva havia diminuído. Levantei para abrir o vidro e olhando mais atentamente em meio a aquela garoa fina, uma única estrela brilhava quase que imperceptível no céu, no entanto por alguns segundos, ela tomou toda a minha atenção. Por um momento eu imaginei que aquela estrela era você, não só pelo fato de ela estar a me fazer companhia, ela tinha algo especial e único. Um destaque, uma luz, um pontinho de felicidade no meio da bagunça e da escuridão. A calma depois de uma tempestade, um sorriso em meio as lagrimas do céu. 
É assim que a gente aprende a dar valor as coisas simples. Se não fosse a chuva, eu não teria dado importância para a estrela e assim não teria a certeza de que te quero como nunca quis algo ou alguém.