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28 abril, 2014

É, meu amigo...

eu lhe disse que um dia ela te faria falta. 

   O cheiro de banho, o perfume de fragância de flor e o jeito que você tinha que chegar bem perto do pescoço dela para sentir. Aquele mesmo que a Fernanda estava usando ontem quando se sentou na sua frente. Ah, maldita Fernanda! 
   E as ligações inesperadas? Aquela mulher inventava história, né? E você sempre impaciente, ríspido, preocupado com alguma coisa. Que coisa era mesmo? Nem você se lembra mais. 
   Ela pedia sua companhia, seu corpo com o dela só para aquecer. Minutos de atenção naquela cena linda, olha essa cena, e você nem tchum!
   Sexta sim, sábado não; sua confusão deixava a menina louca!
   Você fez promessas e as assinou com todos os seus beijos. Ah, se beijo acertasse as contas no cartório do coração… Você estava lascado, moço... 

   Triste foi o dia que ela cansou de arrumar a cama em vão e se foi. Te deixou sentado na mesa do bar, pensando em nada, porque você sempre pensava em nada. Doeu em você só depois do primeiro gole. Semanas depois, doeu ainda mais. É o que dizem por aí.
   Não se culpe, cara. Às vezes o amor demora a bater na gente. Que culpa tem a moça? Foi você que não deixou ela ficar.

11 abril, 2014

Você me diz sem abrir a boca

que a minha loucura é pouca, lenta, pobre, falsa. 
E você ri. 

Desculpa por citar grandes artistas e perdoa por continuar aqui, por não seguir adiante. Perdoa por minha vida ser como o inferno de Dante e não a utopia socialista de Marx. 
Desculpa por ser meu peito esse abismo. Por não aceitar o futuro. Por não correr. Por sempre estar um passo atrás, perdoa. 

É que a minha alma tem essas divisões, essas faces distintas como os heterônimos de Pessoa. Esse amargo da vida me cegou, Saramago explicou e eu não entendi. Ou fingi. Já não sei. Já não me basta tentar, amar, cantar. Viver como diz a canção... não me adoça a poesia de Drummond. 
Tô numa guerra, meu bem. Sou um grande tanque e já não me basta a ironia instigante do velho Hank. Nada mais me anima. Nada me faz. Sou. E ao ouvir a guitarra do beatle Paul, existo. Respiro, insisto. 
Desculpa por citar grandes artistas!
Minha vida é o último ato de uma peça num teatro abandonado baseada em som e fúria... Como diria Shakespeare.