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18 fevereiro, 2014

Ainda não contei de você a ninguém.

   Acho meio arriscado ou, quem sabe, mera superstição. 
   Eu sei que as pessoas vão me pedir cuidado. Assim me guiei por uma vida toda e foi exatamente isso que hoje me faz uma pessoa contando histórias de amor sem nunca ter protagonizado uma. 
   De um jeito ou de outro, sempre soube que pegar leve era uma forma de manter todas as minhas metades comigo mesma, até então sem saber para quê servia isso. Só pude ver o tamanho do erro no seu sofá, no meio de um beijo estranho. 
   Pega no meu queixo e diz que não sou só eu que sinto medo aqui. Faça alguma coisa ruim, qualquer coisa que me impeça imediatamente de sentir esse carinho absurdo por você. 
Xeap | via Facebook

   Estou nas suas mãos e isso não é uma metáfora. Porque eu já não sei mais nada. Parece que sou mesmo um foco na sua vida, mas também pode ser que você ande apenas distraído do resto do mundo. Ou, vai que você tá mesmo certo, as coisas são assim mesmo, o amor invade pela boca enquanto a gente se olha e fica rindo.

09 fevereiro, 2014

P**** Francisco!

Eu te disse que não queria aquele chá amargo lotado de angústia que você me trouxe. Eu te disse em alto e bom som: “um leite quente com um pouco de achocolatado e uma pitada de canela em pó”. 


Midsummer night's dream | via Tumblr

Eu estava numa pior, estava morrendo por dentro e queria adoçar um pouco a minha vida. E você me aparece com esse chá que faz minhas entranhas se retorcerem de tanta agonia. 
Você é surdo, Francisco? Você tem Alzheimer? Eu já te odiava antes, agora, se pudesse te enforcaria com minhas próprias mãos. Agora eu estou muito pior do que antes e estou apodrecida, me rendendo ao meu sofrimento. 

02 fevereiro, 2014

Mas a morte não tem livros,

comida, animais de estimação ou feriados. 
A vida não tem descanso, mas a morte não tem um despertador desligado. 
A morte não tem música alta, festa surpresa, abraços demorados, dinheiro encontrado no fundo do bolso, nota alta na prova, beijo na boca, poesia, banho de chuva, azulejo frio, ursos de pelúcia discretos, colo de mãe. 
A morte não tem férias, e a vida também não. Quase é injusto. 
A vida não tem paz e a morte não tem tristeza, ressentimento, descaso, síndrome da invisibilidade, raiva, fome, preocupação, vestibular, chefes, tédio, contas, solidão, impotência, baixa auto-estima, invalidez, culpa, desespero, agonia, abandono, saudade e silêncio. 
A morte não tem arrependimento, mesmo se for forçada a acontecer. 
E aí, quando cansarmos do contrato e nosso saldo de coisas boas não der conta de segurar uma depressão sozinho, a gente não vai mais estar vivo para sentir alívio. 
Viver é desvantagem demais. E morrer só comprova isto.