Sussurro para mim mesma que vai passar. Uma hora passa, sempre passa, tem que passar.
O problema é que o tempo de duração cresce a cada vez que isso resolve acontecer. Aperto a minha mão contra o peito e tento fazer parar. É em vão. A dor é por dentro, o que torna tudo mais complicado. Não há remédio com 100% de eficácia para casos assim. A emergência do hospital não me socorreria. Os bombeiros, os policiais, os médicos de plantão, os psicólogos e os analistas também não. Ninguém tem total poder sobre isso.
Eu quero, tento, luto e persisto para fazer com que a dor suma. Mas ela aumenta.
A dor não possui amigos e, talvez, por isso, ela não perdoe ninguém.
Eu cruzo os dedos e torço para que a tortura acabe de uma vez por todas. Por obséquio, não decorem o caminho de volta. Tirem o meu nome da lista que vocês criaram para atormentar. Já chega, é demais para mim.
Tudo bem, talvez isso seja um teste da vida mostrando o quanto eu posso e consigo ser forte. Mas eu cansei de andar carregando o mundo nas costas sem ter como curvá-la. O cheiro de menina frágil que precisa de colo ainda marca a minha pele. A minha alma continua sendo levada como uma criança teimosa.
Eu não tenho estrutura para sofrer.
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