Manuscrito.

E é todas as minhas incertezas, é meu texto inacabado, as histórias que escrevo insanamente com vírgulas e reticências, mas nunca incremento com um ponto final. 

É minhas interrogações, minhas perguntas sem respostas, minhas palavras sem sentido. Porque quando se trata disso eu nunca sei. Dá um sorriso, depois o rega de dúvidas e não dá o devido tempo para florescer; e dá uma lagrima, mas a seca antes de ela se derramar por completo. 
E é meu conto de fadas, mas não seguimos o script da Cinderela, porque daqui eu não consigo ouvir as badaladas do relógio, eu não consigo ouvir a contagem regressiva para a meia-noite e não há nenhum sinal de que minha carruagem está virando abóbora, que meu cabelo e minhas roupas estão se desfazendo, não há nenhuma sinal se quer para que eu saia correndo. 

E me deixa com meu medo de cada passo que damos juntos e eu vou caindo, porque daqui eu ainda não escuto as últimas badaladas do relógio que me avisa que tudo está chegando ao fim. 
Vou esticar a meia-noite, vou enganar a fada madrinha, o relógio e quebrar o sapatinho de cristal. Na verdade, vou jogar fora os contos de fada, vou queimar o livro, vou fazer uma história sem fim.
Eu não quero reescrever essas linhas tortas, não quero modificá-las, se não fossem tortas não teriam se encontrado.