
Eu estava numa pior, estava morrendo por dentro e queria adoçar um pouco a minha vida. E você me aparece com esse chá que faz minhas entranhas se retorcerem de tanta agonia.
Você é surdo, Francisco? Você tem Alzheimer? Eu já te odiava antes, agora, se pudesse te enforcaria com minhas próprias mãos. Agora eu estou muito pior do que antes e estou apodrecida, me rendendo ao meu sofrimento.
Saia daqui, pegue suas malas e nunca mais apareça na minha frente. Você e esse seu chá e essa sua bunda grande e essa sua inutilidade. Cansei de pessoas fúteis como você e cansei de ninguém nunca me ouvir direito e de sempre me deixarem pior do que estava antes. Não me peça perdão, não me trate como um qualquer, não quebre meu coração mais uma vez, porque o seu chá metafórico já fez todo o estrago que devia ter feito.
Sem perdão e sem qualquer tipo de ressentimento. Me deixe aqui, enquanto me acabo em minha agonia e derreto feito gelatina até o mundo acabar, porque dos ossos que me restam agora e dos fios de cabelo eu me farei de doente. Porque sou efêmera e não me importo com o essencial que habita a aquarela de Antoine de Saint-Exupéry. Porque eu não sou pequena nem grande princesa, eu sou a mula que corre pelo deserto até morrer de sede e sou o joio em meio à plantação de trigo.
Tudo por sua culpa, Francisco, tudo por sua culpa, ao me trazer a bebida errada.
Metaforicamente falando, é claro, porque o chá é algo muito menor comparado a escuridão que se instalou em meu peito.
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