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20 outubro, 2013

Ele me mandou embora e fui mesmo.

Sabe, cara, eu tenho que confessar que quando eu mandei ela embora, eu fiquei esperando ela voltar. Eu fiquei exatos 145 dias esperando uma ligação, uma mensagem, até um sinal de fumaça eu estava aceitando. 
Eu lembro que a última vez que eu a vi, ela vestia uma calça preta e uma camisa verde que deixava ela ainda mais linda. Eu sempre gostei disso nela, dessa coisa dela parecer mais bonita que todo mundo mesmo que tivesse de pijama e sem maquiagem. Ela tem uma coisa diferente, sabe? Ela não é como as outras, ela gosta de rock n' roll, mas eu lembro que ela sabia a letra inteirinha de uma musica do Restart. Ela vestia roupas curtas, mas ela ficava estranhamente inocente com essas roupas. Ela era tão minha, só de olhar para ela eu sabia que ela era minha… Era… 
Não é mais porque eu achei que a vida com ela seria monótona demais, sei lá, achei que não ia dar certo porque a gente dava certo demais, e eu fiquei com medo de em algum momento ela ir embora e me deixar. 

13 outubro, 2013

Nas gavetas da velha cômoda.

2012 abril « Blog Celia Neri – Babados & Bordados



Todo dia eu acordo e me separo de você. Levanto, guardo os sonhos na gaveta da velha cômoda e troco o pijama. Saio de casa em rotineira condição. Reparo em minha própria sombra no chão e sinto falta de outra, que sempre esteve ali do lado. Como distrair o pensamento de algo que se quer pensar, mas não se deve? Como calar o que sente para não mais sentir? Não sei.

Todo dia eu acordo e me separo de você. Sigo meu caminho e busco outros prazeres. Preencho as lacunas de pensamento com chocolate e televisão. Troco os móveis e outras coisas de lugar para que nada me lembre o que eu não devo lembrar. E, diante do espelho, me convenço de que tudo isso é essencial. Chega uma hora, na vida, que temos que adotar algumas medidas de segurança. É quando percebemos que só nós mesmos podemos nos salvar. Então, fica combinado assim: eu me salvo e você se salva. E a gente se vê qualquer dia. No último instante da história ou, quem sabe, nunca. Só em sonhos. Daqueles que guardamos nas gavetas da velha cômoda.

Todo dia eu acordo e me separo de você. Pago contas, anoto recados, vou ao cinema, pego trânsito e pareço seguir em frente. Me separo de você e de tudo o que não quero mais viver. E encerro qualquer tipo de possibilidade de diálogo que possa fazer voltar atrás. Pois o tempo não se curva; nada acontecerá novamente. Já não somos mais os mesmos. E faz tempo.

06 outubro, 2013

Nunca mais foi o mesmo.

Depois do primeiro oi.
Sempre fui a favor do desapego. Sempre o pratiquei. Memória seletiva, manter só o que realmente importa. Sempre funcionou. Costumava dar certo. Mas não agora.

Vem sendo difícil me expressar direito. 
Vim aqui dizer algo, e se fosse pessoalmente, eu estaria aí na sua frente, leitor, andando em círculos. O que era mesmo? Ah, sim.. O primeiro Oi.

Adoro a palavra "oi". 
Mal parece expressão fática de tão expressiva e comunicativa que é. Como dizer melhor sobre reencontro, o prazer de avistar, a brevidade do cruzamento, até a brasilidade do cumprimento?
O "oi" expressa alegria rápida, surpresa e, como som, é completo, redondo e, por ser um ditongo monossilábico decrescente, termina rapidamente e com conclusividade o que tem de dizer.
O "oi" é ótimo.
E foi um "oi" que estragou tudo... Tirou a graça de todos os outros.


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